João Carlos M. Madail
Importância econômica e política da Copa do Mundo da Fifa
Por João Carlos M. Madail
Conselheiro do Corecon-RS e diretor da ACP
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A adoção do futebol como esporte mais popular tem sido fundamental para a sociedade brasileira. De acordo com estudo realizado pela ESPN, onde participaram 42,8 milhões de brasileiros, 40% das pessoas têm interesse ou grande interesse por futebol. No mundo, atualmente, 211 seleções nacionais são filiadas à Fifa (Federação Internacional de Futebol Associado), instituição que dirige as associações nacionais de futebol.
Neste ano, estamos vivendo a 22ª edição da Copa do Mundo, evento esportivo mundial de futebol masculino, organizado pela entidade, no Catar, um país peninsular árabe cuja paisagem abrange um deserto árido e longo litoral no Golfo Pérsico. Apesar das polêmicas políticas na escolha das sedes da Copa, o Catar demonstrou estar preparado para receber as multidões que por lá circulam atraídas pelo gosto do futebol.
Assim como os demais países que já sediaram Copas, o Catar tem crescido no setor de turismo como desejavam os seus organizadores. A economia do Catar tem no petróleo e no gás natural os principais produtos de exportação, que representam 50% do PIB do país. Conscientes da finitude do produto, tem apostado no turismo como gerador de renda futura e a Copa é uma das apostas políticas para mostrar o país ao mundo. Mesmo conscientes de que teria que desembolsar 220 bilhões de dólares na sua organização, ou seja, 15 vezes mais que a sediada na Rússia, a pressão política para a sua realização junto à Fifa foi grande.
Segundo informações as pessoas que decidiram viajar para o Catar e assistir a todos os jogos da fase de grupo, tiveram que desembolsar mais de R$ 7 mil apenas em ingressos. Ao computar os demais gastos, que envolveram passagens aéreas, hospedagem e alimentação no deslocamento do Brasil, desembolsaram mais de R$ 40 mil. O Brasil, que está a quase 12 mil quilômetros de distância, ou 12 horas de voo direto para o Catar, movimentou empresas de turismo e aviação que operam por aqui, aumentando seus lucros num bom momento pós-pandemia. Em contrapartida, o comércio do Catar já movimentou cerca de R$ 1,48 bilhão em vendas no comércio, serviços e turismo, segundo a CNC _ Confederação Nacional do Comércio e serviços.
O interesse dos países em sediar uma Copa aumenta a cada evento, pois é uma oportunidade única que, além da propalada visibilidade televisiva mundial, o evento proporciona o ingresso de muita gente disposta a consumir quase tudo que o país produz como novidades atrativas, em geral, sem questionar valores. Em vista disso, a economia do país sede aquece com lucros, geração de empregos e participação direta no mercado financeiro. Essa visibilidade mundial que a Copa do Mundo proporciona faz dela um dos maiores eventos comerciais. Isso significa que a Fifa construiu um negócio bilionário, vendendo a sua marca e seus direitos televisivos ao oferecer às empresas globais a maior oportunidade publicitária do mundo.
O que evidencia na prática é que a Fifa vive apenas de futebol, mas economia e política também fazem parte do pacote que oferece. A escolha do país sede do evento ocorre a partir de acordo entre investidores e instituições governamentais e de interesses políticos e econômicos comuns. Entretanto, os interesses envolvidos em um evento do nível da Copa do Mundo de Futebol são muito maiores do que o simples amor pelo esporte. É claro que isso acontece para quem organiza o evento. Para quem gosta de futebol, não tem economia e não tem política: o espectador quer ver o seu país vencer e, de preferência, com futebol bonito. Seja in loco ou via televisor, o momento da Copa é marcante para as pessoas e para o mercado, que oferece uma gama de produtos alusivos ao acontecimento.
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